EUA estabelece acordo com organização mundial islâmica para combater a intolerância religiosa
ISTAMBUL - A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, fechou um acordo, nesta sexta-feira, com uma grande organização mundial islâmica que tem como objetivo propor novos caminhos para resolver os debates sobre a religião sem recorrer a medidas legais contra a difamação.
Clinton encontrou, em Istambul, com o chefe da Organização da Conferência Islâmica (OIC, sigla em inglês), Ekmeleddin Ihsanoglu, para ajudar a definir novos mecanismos internacionais para proteger a liberdade de expressão e combater a discriminação religiosa no mundo.
- Juntos, nós começamos a superar a falsa divisão que opõe os conceitos religiosos à liberdade de credo. Procuramos uma nova abordagem, baseada em passos concretos, para lutar contra a intolerância, onde quer que ela ocorra.
Sob pressão dos EUA, a OIC concordou, em março, em abrir mão de sua campanha, que já dura 12 anos, para proteger as religiões da difamação, atitude que permitiu que o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovasse um plano mais amplo sobre a tolerância religiosa.
Países ocidentais e seus aliados na América Latina, que sempre foram fortes oponentes ao conceito de difamação, se uniram a países muçulmanos e africanos para trazer de volta essa reaproximação, cujo diálogo propõe uma mudança de foco da defesa das crenças para a proteção dos crentes.
Ihsanoglu ressaltou que o objetivo da OIC não é limitar a liberdade de expressão, mas combater a intolerância religiosa, que se espalha perigosamente pelo mundo.
- Nossa causa, que decorre da nossa principal preocupação, não deve ser interpretada como incitação à restrição da liberdade, cuja defesa deve vir acompanhada de componentes como entendimento mútuo, respeito, tolerância e empatia.
De acordo com a nova abordagem proposta, não deve haver criminalização de discursos, a menos que eles incitem a violência.
Desde 1998, debates sobre movimentos internacionais de combate ao preconceito e à difamação de religiões têm ocorrido regularmente. A OIC conseguiu aprovar em conselho e na Assembleia da ONU uma série de resoluções que combatem a difamação religiosa.
Alguns críticos, entretanto, afirmam que o conceito se opõe às leis internacionais e à liberdade de expressão, além de permitir que estados que tenham apenas uma religião predominante mantenham minorias religiosas sob rígido controle ou expostas à conversão forçada ou à opressão.
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